O Ministério Público Federal (MPF) ofereceu, nesta última última sexta-feira (12. abril), denúncia contra Edivan Moreira da Silva (Van ...
O Ministério
Público Federal (MPF) ofereceu, nesta última última sexta-feira (12. abril),
denúncia contra Edivan Moreira da Silva (Van
de Moreira), o mesmo é acusado de homicídio consumado e homicídio tentado,
ambos qualificados pela emboscada. A acusação dificulta/impossibilita a defesa
da vítima. Segundo a denúncia, Edivan Moreira é acusado de ser o principal
responsável de executar com 13 tiros o indígena Adenilson Silva Nascimento
(Pinduca) (foto), e ferir com dois tiros sua esposa, Zenaildes Menezes
Ferreira, em 1º de maio de 2015, em Ilhéus, na zona rural limítrofe com
Buerarema. Além dele, participaram do crime duas outras pessoas que não foram
identificadas. As investigações apontaram que o crime foi motivado por
desavenças do denunciado contra indígenas, em razão de disputas por terras
ocorridas deste de ano de 2012.
A EMBOSCADA
Conforme o inquérito policial, no dia do crime,
Adenilson Pinduca e Zenaildes Ferreira, por volta de 17h, voltavam para sua
residência na zona rural da Serra das Trempes I, acompanhados de três filhos do
casal, a mais nova de 1 ano de idade, levada no colo pela mãe.
Após cerca de 20 minutos de
caminhada, Pinduca foi atingindo por um disparo de arma de fogo, caindo de
joelhos. Imediatamente, os dois filhos mais velhos do casal fugiram correndo e
Zenaildes retornou para tentar levantar o marido, sem sucesso. Ao se virar para
tentar fugir, com sua filha no colo, Zenaildes foi atingida por um tiro na
perna direita, o que a fez cair por cima da criança.
No chão, ela ainda foi atingida por outro tiro nas
costas, tendo o projétil atravessado seu tórax e se alojado no braço.
Zenaildes, então, permaneceu no chão, fingindo-se de morta, e viu o marido se
levantar e caminhar em sua direção, lentamente, enquanto outros tiros eram
desferidos contra ele, até que caísse próximo a ela.
Nesse momento, Edivan Moreira se aproximou e voltou
a disparar quatro ou cinco vezes contra Pinduca à queima-roupa. Durante o
crime, Zenaildes observou que três pessoas encapuzadas participavam da
emboscada, tendo reconhecido Edivan Moreira como um deles, em razão de seu porte
físico.
Em manifestações populares contra os indígenas da
etnia Tupinambá de Olivença, realizadas em Buerarema em 2013, o denunciado –
residente na cidade – teria ameaçado Pinduca, mandando lhe dizerem que, caso
ele fosse a Buerarema, iria apanhar. A inimizade aumentou após o indígena ter
sido responsável pela retomada da Fazenda Boa Esperança, causando a expulsão do
antigo meeiro, amigo de Moreira e sogro de seu irmão. A partir daí, conforme
testemunhas ouvidas, as ameaças passaram a ser de morte.
SIGILO TELEFÔNICO QUEBRADO
Durante as investigações, a Justiça Federal
autorizou a quebra do sigilo de dados telefônicos de Edivan Moreira, para
identificar, a partir dos sinais do aparelho de celular do denunciado captados
pelas estações rádio base (antenas que fazem a conexão entre os telefones
celulares e a companhia telefônica), sua localização aproximada no momento do
crime.
Essa diligência permitiu confirmar que Edivan
Moreira se deslocou para zona rural próxima ao crime na noite de 26 de
abril de 2015, só tendo retornado para a zona urbana 3 horas após o
assassinato.
Segundo os dados obtidos com essa diligência, a
partir da noite de 29 de abril, o aparelho celular do denunciado não efetuou ou
recebeu ligações, apesar de ter ficado ligado e recebido dezenas de mensagens
de texto. O MPF concluiu que, nesse período, o denunciado Edivan Moreira ficou
sem o aparelho de celular, entocaiado na mata, para fazer a emboscada e
praticar o assassinato.
Após o crime, a primeira ligação realizada pelo
denunciado Edivan Moreira foi às 20h12min do dia 1º de maio de 2015, já na
zona urbana de Buerarema, 3 horas da prática do assassinato, tempo suficiente
para ele se evadir do local do crime, através da mata, recolher seus objetos
pessoais, se desfazer dos instrumentos e provas do crime e retornar para área
urbana.
O MPF aguarda a análise da denúncia pela Justiça
Federal. Caso a Justiça receba a denúncia, será instaurada ação penal e serão
realizados os demais atos do processo – defesa do denunciado, oitiva da vítima
e das testemunhas etc – até a submissão do caso ao Tribunal do Júri. As
denúncias contra os outros dois envolvidos depende de sua identificação.
