Especialistas destacam que ação era esperada, pois a transexualidade já não era considerada patologia mental pelo Manual Diagnóstico e Es...
Especialistas destacam que ação era esperada, pois a
transexualidade já não era considerada patologia mental pelo Manual Diagnóstico
e Estatístico dos Transtornos Mentais. O que precisa ser abordado é o
sofrimento que pode ser causado pela disforia de gênero.
“O sofrimento de uma
pessoa por não se identificar com seu gênero de nascimento, incluindo aquele
proveniente do preconceito e da falta de aceitação social, muitas vezes gera
transtornos mentais que precisam ser tratados – como a depressão e ansiedade. A
transexualidade em si não é uma doença e a decisão de retirá-la da lista de
patologias mentais confere dignidade e auxilia a reduzir o sofrimento dos
pacientes.”
A fala da médica psiquiatra da
Holiste, Livia Castelo Branco, traduz os benefícios que a decisão da
Organização Mundial da Saúde traz para todos os transexuais.
Com a retirada da
transexualidade da lista de doenças mentais, esta passa a integrar a categoria
de condições relacionadas à saúde sexual. Segundo a OMS, essa medida assegura o
direito a assistência médica, necessária para que os transexuais possam ter
acesso a serviços como acompanhamento psicológico, tratamento hormonal e
cirurgia.
“O objetivo é tratar como uma
questão de saúde sexual e não mental. Se você trata como saúde sexual você dá
mais acesso para as pessoas ao tratamento e diminui o estigma de sofrimento
metal”, opina a especialista.
Livia explica que
a disforia de gênero se refere ao sentimento de profundo
desconforto com o gênero atribuído ao nascimento e suas características. Ainda
de acordo com ela, "apesar de nem todos os indivíduos terem o sofrimento
como resultado desta incongruência, muitos sofrem quando não têm
acesso a adequações físicas por meio de hormônios ou cirurgia”.
Tratamento
Conforme explica a psiquiatra
da Holiste, Paula Dione, os casos de
transtornos de disforia de gênero demandam abordagem
multidisciplinar, pois o paciente necessitará ser orientado por profissionais
de várias áreas. "O papel do psiquiatra será, entre outras coisas,
diagnosticar, tratar e/ou excluir a existência de patologias associadas ao
evento", afirma.
Nestes casos, Livia recomenda
que sejam realizadas intervenções precoces, com um acompanhamento psicológico e
psiquiátrico. "O objetivo é ajustar o paciente mais cedo possível a uma
vida mais compatível e satisfatória, evitando dificuldades de
adaptação física e psíquica e outras complicações na vida adulta. Os tratamentos
biológicos (hormônios e cirurgia em alguns casos) visam adequar o físico do
indivíduo à identidade de gênero psíquica", explica.
A psiquiatra completa que tanto
o tratamento hormonal quanto o cirúrgico possuem regras próprias para serem
efetuados. No Brasil, pela portaria do Sistema Único de Saúde (SUS),
a hormonioterapia pode ser feita a partir dos 18 anos. Já para a realização de
cirurgia, a idade mínima é de 21, com dois anos de acompanhamento
multiprofissional.
